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As matérias de turismo já publicadas sobre Santo André, na Bahia, invariavelmente falam que a praia é a nova Trancoso, que alia com o mesmo esmero o rústico e o chique, que, de Trancoso, só não tem os altos preços, blá, blá, blá... Mas o que sempre me chamou atenção não foram as comparações entre as duas, que ficam a cerca de 80 km de distância, mas o fato de em Santo André ter um restaurante tão interessante como o
Casa Praia.
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Já no primeiro dia, ligamos para fazer a reserva. E que delícia. O Casa Praia pertence a dois argentinos, Pablo e Amadeo, que saíram de Rosário, na Argentina, onde tinham um restaurante charmosésimo, para trabalhar em uma pousada em Santo André. O problema é que não se via o mar da cozinha e, portanto, que vantagem eles tinham em morar na praia? Foi aí que eles acharam uma casa abandonada e, aos poucos, foram a transformando em um dos lugares mais acolhedores de Santo André. Com direito, é claro, a uma cozinha com vista para o mar.
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Tudo isso eu sei porque eles nos contaram e também porque eles mantém na sala, ou melhor, no salão do restaurante, álbuns com a história deles. As memórias também estão no cardápio, que mais parece um livro de anotações de viagens. O chutney que comeram na Índia, o assado da Argentina, pratos da Grécia, Espanha, Malásia... Todos os sabores degustados por eles servem como base para uma cozinha criativa e deliciosa. Enquanto Amadeo fica na cozinha, Pablo serve o salão. E que salão. Louças de antiquário são misturadas com objetos tão simples como a casca torcida das árvores, aquela que eu adorava pisar quando criança e ouvir o "crec". A casca vira porta guardanapo, o chapéu de palha, cúpula de luminária, o bambu, capa do cardápio e assim por diante.
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A minha vontade era voltar todos os dias ao restaurante e degustar todo o cardápio, escutar por mais tempo a seleção musical fantástica que eles têm e deixar a Lorena rolar ainda mais no chão com a Odara, a rotweiller deles... Mas seria meio insano. Na nossa primeira visita fomos super contidos e provamos apenas alguns pratos, como o Satay, espetinho de legumes com ares da Indonésia, acompanhado de chutney de manga (que deveria ser vendido em vidros de compota!).
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O marido disse que esse peixe na folha de bananeira recheado com coco fresco e gergelim, acompanhado de chutney de cenoura, gengibre e passas foi o melhor que ele comeu nos últimos tempos. Foi até cansativo ficar ao lado e escutar os tantos humms-humms que ele fazia.
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O meu arroz de camarão também estava incrível, com um toque apimentado delicioso.
* Lá no alto, o chef Amadeo. O Pablo, arquiteto e artista plástico, fica servindo o salão. A dupla é tão simpática que dá vontade de pedir para ser amigo deles. Eles dizem, aliás, que o restaurante é uma casa de amigos. Eu me senti tão à vontade que acho que da próxima vez vou pedir para ser amiga.
** O Casa Praia é o restaurante mais caro de Santo André, os pratos custam cerca de R$ 40 (caro padrão baiano, né paulistas!). Tem, além de pescados, pizzas caseiras e carnes argentinas. É, sem dúvida, uma das melhores coisas de Santo André.
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