Quando eu e o marido projetamos nossa casa, criamos no projeto um espaço para o meu escritório, já que sabia que, a curto prazo, iria abandonar a redação para trabalhar em casa. Então, pensamos em um lugar isolado, onde ninguém pudesse me incomodar e eu pudesse me concentrar. Minha casa tem dois pisos: o térreo, onde fica cozinha, garagem, quintal e quartos, e, um segundo, onde está meu quarto e o meu à-prova-de-interrupções escritório, que, aliás, tem uma vista linda da cidade.
Mas a prática muitas vezes é diferente da teoria e, desde que minha filha nasceu e virou um ser andante e cheio de vontades, eu não conseguia mais me isolar. Ela gosta de me ter em seu campo de visão e não dava para ficar escondida. Então, passei a trabalhar na mesa de jantar - nada ideal. Até que o marido foi buscar na casa da avó dele uma escrivaninha antiga, abandonadinha, com pouco mais de um metro, e a reformou para mim.
Ela encaixou no quarto de hóspedes, que fica ao lado do quarto da pequena. A mudança foi a prova de que não é preciso de um cômodo exclusivo para montar um home office, nem muito espaço, não mesmo. A minha escrivaninha lindona tem gavetas bem fundas e, para empilhar as muitas revistas que tenho, uso e faço, o
marido fez um nicho grande, que acompanhou o tamanho dela. Bem simples e ótima para guardar muitas revistas e ainda alguns cacarecos.
Não consegui ainda ter um home office clean daqueles de revista, sabe? Com bancada branca, um notebook e não mais do que quatro objetos sobre a mesa. Esse meu home office é de verdade, é lá que eu bato meu cartão e trabalho todos os dias - e alguns finais de semana também.
Para guardar meus cacarecos e quinquilharias, latas de manteiga Aviação (quem quiser, avisa, o consumo em casa é intenso!), latas de Campbell's, uma de ovo de Páscoa, que guarda as contas a pagar, e alguns bonecos, como o Lampião e a Maria Bonita, que me acompanham há anos, filmes de Lomo a revelar, e uma tentativa de coleção daqueles bonequinhos da nossa infância, sabe qual?
No andar de cima do nicho, alguns brinquedos, como a forca para momentos de stress, e outros objetos de madeira: aquelas casinhas em miniatura de Embu das Artes e uma escultura de um artista alagoano de um oleiro com uma pilha de tijolos. Na mesa, latas com muitas canetas, tesoura, marca-texto e minha coleção de lápis. Por enquanto, minha empresa tem menos de dois metros quadrados. É um bom começo.