Há uns sete anos, quando editava uma revista de um shopping de São Paulo, decidi pedir para a repórter do Estadão Camila Molina, expert em artes plásticas, um texto sobre a nova safra do mercado de arte brasileiro. E ela me apresentou três artistas e um deles ficou para sempre na minha cabeça. Assim que vi as fotos das obras 3D do Henrique Oliveira, feita com tinta e restos de tapume, adorei. Anos depois, em um outro projeto, de uma revista de lançamentos de uma empresa de tinta, pensei nele para falar sobre texturas. Ele, montando uma exposição em Miami, negou, dizendo que não queria ver seu nome associado a nenhuma marca. Para o trabalho não foi tão bacana, mas ele estava certo.
Historinha boa de lembrar, nada mais. Assim que vi que ele estava montando uma super instalação no novo MAC USP, no antigo prédio do Detran, no Ibirapuera, percebi que, enfim, poderia conhecer sua obra de perto. E que obra. O labirinto de tapume mede mais de 70 metros e preenche quase todo o espaço do edifício anexo do museu. Uma caverna para adultos e crianças se divertirem.
A obra Transarquitetônica começa em um corredor quase que asséptico, um cubo branco com forro em gesso e luz fria embutida. A estrutura, no entanto, vai se corroendo, se transformando em tijolos e reboco; depois, em parede de taipa de sopapo, placas de madeirite e, então, lascas de tapume. Por fim, os corredores de tapume se estreitam e se mesclam a raízes de árvores.
Entramos na instalação e vamos acompanhando essa decadência da obra, brincando de encontrar saídas no labirinto e, de certa forma, refletindo sobre a moradia, a arquitetura, a vida. Eu confesso que fiquei bem impactada pela obra. Lorena no começo ficou com medo, mas logo encontrou outras crianças e relaxou.
Quando fomos, em um sábado chuvoso, outras famílias também escolheram o museu para passear. E o MAC é mesmo um ótimo programa: sozinho ou, com tempo bom, feito em conjunto com um passeio pelo Parque do Ibirapuera (o restaurante do MAM, dentro do Parque, é uma delícia).
O prédio tem sete andares e boas surpresas, como o gato gigante da Nina Pandolfo, que ronrona, para desespero da Anita! Visitamos três andares e foi uma delícia. Com espaços amplos, a cada andar há, no final do corredor, uma atividade lúdica.
Depois de ver quadros de Alfredo Volpi, do acervo do museu, as crianças podem fazer a sua própria arte com peças de bandeirinhas em madeira. Em outro andar há uma espécie de camarim, com espelho, moldura de quadro e um baú de acessórios para a criança se fantasiar e visualizar seu auto-retrato - ou seria selfie?
Lá também está exposto o quadro A Negra de Tarsila do Amaral, lindo. No último andar há obras bem contemporâneas que as crianças amam, como o fusca vermelho feito de plástico. Lá, do terraço, ainda tem uma linda vista de São Paulo. Vale a pena.
A entrada no MAC é gratuita. Também há estacionamento (pequeno) no museu de graça. A exposição do Henrique Oliveira fica em cartaz até novembro.